31.5.14

Vermelho Sangue

Tudo parecia estranho naquela noite, menos a bela adaga que brilhava sobre a mesa. Os passos tortos provocava a dor na velha madeira, que chorava a cada avanço do corpo em direção a lâmina sedenta por sangue. A sombra dançava sob os pés como uma valsa da morte, guiando cegamente a insanidade de seu dono. O soar da adaga ao sair da mesa e cortar o ar percorrendo o caminho da sala para o quarto, era uma perfeita composição instrumental e dramática. O palpitar acelerado e crescente do coração, já podia ser ouvido e não apenas sentido, e os segundos congelaram. Nada pode-se ouvir, até que de supetão a lâmina deslizou e borrou o criado mudo, de forma cruel e também artística, com vermelho sangue, e um último suspiro pode-se ouvir. O êxtase dominou o ambiente e tornou tudo tão deslumbrante quanto o sangue que escorria friamente por entre as frestas da velha madeira, e ao sentir a influência do racional, um pensamento se impôs sobre o pintor daquela cena, o de que tudo parecia estranho naquela noite.

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